O dia em que percebi que não estava pronta
Há alguns anos, fui convidada para ser mentorada por uma escritora estabelecida. Alguém com um percurso firme, reconhecimento no meio literário, livros publicados. Ela viu potencial em mim, leu alguns textos e achou que valia a pena acompanhar-me.
Na altura, senti-me entusiasmada, e, ao mesmo tempo, inquieta. No fundo, sabia que o entusiasmo não disfarçava tudo o que ainda tinha de melhorar: construção de tensão, domínio do ritmo, consistência das personagens…
Estive apenas dois meses no processo. Li mais, escrevi mais, absorvi o que podia. Mas chegou um momento em que percebi que, por muito que aquele convite me honrasse, eu ainda não estava no ponto de tirar o melhor proveito dele. Não porque ela me tivesse desvalorizado, pelo contrário. Foi o voto de confiança dela que me fez olhar com honestidade para o meu percurso e entender que desejar e ter talento não basta.
Escrever exige mais do que vontade. Exige paciência, ferramentas técnicas e trabalho invisível, que se nota nas entrelinhas.
É fácil ter pressa. Publicar rápido, mostrar resultados, alimentar as redes. Mas o tempo que dedicas a amadurecer a tua escrita quando ninguém vê é o que mais tarde consolida o teu talento e a tua carreira.
Hoje, olho para trás e sei que a melhor decisão foi ter parado um momento, ter voltado a estudar, a testar, a experimentar. É por isso que quando ouço alguém dizer “Acho que já devia estar mais longe” percebo exatamente o que está a sentir.
Desejar com fervor é bom. Mas desejar e estar disposto a trabalhar com consistência e dedicação faz a diferença. A escrita constrói-se com oficina, leitura e rigor.
Um pequeno desafio: parte do tempo que dedicas a tentar conquistar seguidores nas redes sociais, experimenta canalizá-lo para a oficina e para a leitura nos bastidores. Depois diz-me se notaste a diferença.
📌 Em breve, volto com novidades para quem está a começar esse caminho, com recursos que te podem ajudar a crescer, sem pressa, mas com direção.
Até lá, continuo por aqui.
Abraço,
Lara